O dominicano que gravou policial matando um homem nos EUA

09/04/2015 00:29

         

Feidin Santana primeiro pensou em apagar o vídeo, temendo represálias. Sabia que tinha "algo grande" em suas mãos. Acabou decidindo não apagar.

E, quando soube como a polícia descreveu a cena que ele havia gravado, pensou: "Não foi assim. Não foi isso o que aconteceu".

O "algo grande" que Santana tinha em mãos é o vídeo que percorreu o mundo e causou indignação na Carolina do Sul (EUA) - onde ele mora -, por mostrar o momento em que um policial branco, Michael Slager, atira nas costas de um negro, Walter Scott, aparentemente desarmado, no sábado passado.

Santana contou que não ouviu o policial dar nenhuma advertência antes de atirar. Scott, 50, morreu.

"Vi a cena quando caminhava ao trabalho", disse Santana à emissora americana NBC. "Vi o senhor Scott e um policial perseguindo-o. Eu estava falando ao telefone e decidi me aproximar para ver o que estava acontecendo."

"Antes que eu começasse a gravar, os dois estavam no chão. (...) Lembro que a polícia tinha o controle da situação, (...) controle sobre Scott. E Scott tentava se afastar do taser (arma que dá choques elétricos). Eu conseguia ouvir o som do taser."

"Como se pode ver no vídeo, o policial atira pelas costas", diz Santana à NBC. "Soube na hora que eu tinha algo em mãos."

Santana diz que decidiu entregar a gravação à família de Scott quando soube, pela imprensa, do relatório policial do caso, em que Slager alegava que havia disparado para se defender.

"Não foi isso que aconteceu (...). Scott estava (correndo para) fugir do taser", disse Santana em entrevistas. "Me coloquei no lugar da família (de Scott) e, se tivesse acontecido comigo, eu ia querer saber a verdade."

O vídeo tornou-se público na terça-feira passada, e Slager acabou detido.

Medo

Mas Santana admitiu ter medo da repercussão do vídeo. "Não nego que sabia da magnitude disso e até pensei em apagar o vídeo e me mudar", disse à rede MSNBC. "Sentia que a minha vida, com essa informação, poderia estar em perigo."

FONTE: BBC BRASIL

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